A bomba atômica é triste
Coisa mais triste não há
Quando cai, cai sem vontade
Vem caindo devagar
Tão devagar vem caindo
Que dá tempo a um passarinho
De pousar nela e voar...
Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar!
Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar
Mas que ao matar mata tudo
Animal e vegetal
Que mata a vida da terra
E mata a vida do ar
Mas que também mata a guerra...
Bomba atômica que aterra!
Bomba atônita da paz!
Pomba tonta, bomba atômica
Tristeza, consolação
Flor puríssima do urânio
Desabrochada no chão
Da cor pálida do hélium
E odor de rádium fatal
Lœlia mineral carnívora
Radiosa rosa radical.
Nunca mais oh bomba atômica
Nunca em tempo algum, jamais
Seja preciso que mates
Onde houve morte demais:
Fique apenas tua imagem
Aterradora miragem
Sobre as grandes catedrais:
Guarda de uma nova era
Arcanjo insigne da paz!
segunda-feira, março 23
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Lindo esse poema! Adoro Vinícius de Moraes.
Beijinhos
http://cherrycheri.blogspot.com/
presentinho pra vc no blog!
http://just-rize.blogspot.com/2009/03/mais-premios.html
OIE!
Tem selo pra vc lá no meu blog!
http://marca-de-batom.blogspot.com/
Oi, tem selinho pra você no meu blog, passa lá ;)
beijo
Postar um comentário